Ele já chegou causando. Quando todos esperavam a efetivação
do então auxiliar técnico Carlos Moraes para o restante da Série D de 2012, eis
que surge o nome de Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, mais conhecido como
Lisca, homem, que em pouco tempo de trabalho, criou uma identidade à equipe
esmeraldina.
Tendo seu início como “homem da casa-mata” em 2001, pelo
Canoas, o porto alegrense de 40 anos chegou ao Alfredo Jaconi enfrentando certa
desconfiança e até algum preconceito, sendo atribuído muitas vezes como
“louco”, além de afamado por supostos problemas fora de campo. Porém, o
treinador pulou barreiras, deixou para trás qualquer tipo de desconfiança e em
menos de seis meses, ganhou o apoio da Papada e Direção.
Sempre com seu tradicional boné na cabeça, Lisca não poupou
esforços desde que desembarcou ao Alfredo Jaconi, passando aos atletas seu
estilo motivador, enérgico, vibrante. Assumindo um Juventude totalmente
descaracterizado e vindo de péssimas atuações, o comandante foi ousado,
mostrando sua personalidade ao lançar ao time titular diversos garotos, que
buscaram uma até então desacreditada classificação, obtendo resultados
marcantes, como os 4x0 em cima do Mirassol e o triunfo por 1x0 em um temido
Bento Freitas.
Marcado por ter um time de ENTREGA, Lisca por pouco não
chegou as quartas de final da competição. Ao bater o Cianorte-PR por 3x1 no
Alfredo Jaconi, parecia de fato que a coisa iria deslanchar, mas, quis o
destino que o jogo da volta decretasse o fim de uma participação esmeraldina
oscilante, ocasionada por erros cometidos ainda lá no início do ano.
Todavia, a realização do seu ótimo trabalho não teve como
não ser vista por dirigentes, atletas e torcida, e assim, Lisca foi unanimidade
na sua permanência no Esporte Clube Juventude. O treinador sabia muito bem com
quem queria seguir trabalhando. Dispensando boa parte do PACOTÃO de jogadores
que a Direção esmeraldina havia contratado, o técnico alviverde montou uma
equipe recheada ainda mais por jovens atletas pratas da casa, que tinham agora
como missão a OBRIGAÇÃO do título da Copa Hélio Dourado.
E aí foi o período que realmente o BICHO PEGOU. O Juve, que
vinha realizando suas partidas pela Copinha com o time B, deixou a equipe
principal numa situação um tanto desconfortável. Na terceira colocação,
entretanto com míseros seis pontos, o time de Lisca deu o pontapé inicial na
busca pela taça que lhe daria o caminho da volta a uma divisão nacional, diante
do Ypiranga, no Jaconi. Necessitando dos três pontos, mas ainda na ressaca da
eliminação da última divisão nacional, o Alviverde por pouco não saiu derrotado
após estar perdendo por 2x1 e conseguir buscar o empate somente no finalzinho.
E, quando as coisas parecem que não podem mais piorar, chega
a notícia que tiraria QUATRO pontos dos sete conquistados. Em um erro AMADOR,
os responsáveis pela contagem dos cartões dados aos atletas na competição,
passaram por “despercebidos” no terceiro cartão amarelo sofrido por Deoclécio,
o que logicamente resultaria na sua não participação na próxima partida; porém,
sem ser comunicado, Lisca escalou o jogador, ocasionando na perda dos quatro
pontos, além da demissão do suposto encarregado pela contagem dos cartões, o
senhor Renato Tomasini, diretor sindical e que trabalhava no Alfredo Jaconi há
33 anos.
Com a sua saída, dado por justa causa, só foi a questão dos
salários atrasados vir à tona no Jaconi, que logo o Sindicato dos Empregados em
Clubes Esportivos e em Federações no Estado do Rio Grande do Sul (SECEFERGS)
pintou na área. O clube beirava o fundo do poço, sendo postulado até como
praticante de “trabalho escravo”, além das greves de atletas que há quase três
meses não recebiam salário. Mas, dentro de campo, parecia que esse Juventude de
turbulências e atritos não existia, realizando atuações de ótimo futebol e, por
incrível que pareça, com o sorriso no rosto de cada um dos atletas, marcado
pela criativa comemoração de Zulu a cada gol seu marcado, transformando-se em
“Zorro”.
E aí pairava a pergunta: Como pode uma equipe passando o que
está passando estar tendo uma entrega como essas? Indubitavelmente, a resposta
deveria ter alta porcentagem a ele, Lisca. O então desacreditado treinador
levava aos atletas uma motivação que apenas ele sabia de onde tirar, que somava
ao excelente trabalho tático, refletido nos 6x0 aplicados no Jaconi frente à
equipe de melhor campanha na primeira fase da competição, o Ypiranga.
Como diz o título de um livro: ”A bola não entra por acaso”,
obra de Ferran Soriano, ex- vice presidente do Barcelona e o qual eu recomendo
- o coroamento do trabalho exercido pelo porto alegrense Lisca veio na
conquista da Copa Hélio Dourado – que deverá de fato levar o Esmeraldino à
Série D de 2013 -, entretanto, apenas possível pelo PLANEJAMENTO, pelo seu
conhecimento e esforço realizados, que lhe atribuíram – e com razão – pelo
principal responsável pelo triunfo.
E que o comandante siga sendo assim: MALUCO, por VITÓRIA!
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